segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Baianos lamentam incêndio de obra histórica de Mário Cravo

Era assim.
Mesmo um dia após o fato, o assunto ainda repercutia nas rodas de amigos, entre os trabalhadores e até mesmo pelos turistas que passavam pela região da Praça Cayru, no bairro do Comércio, ontem
Ficou assim!
Do -  www.trbn.com.br  - Mesmo um dia após o fato, o assunto ainda repercutia nas rodas de amigos, entre os trabalhadores e até mesmo pelos turistas que passavam pela região da Praça Cayru, no bairro do Comércio, ontem 22. O incêndio que destruiu o Monumento à cidade do Salvador, de autoria do artista plástico Mário Cravo Júnior, um dos mais icônicos da capital baiana, no último sábado, era motivo de tristeza e lamentação por parte de todos.
No local, a equipe de reportagem da TB viu, através de uma grande fenda aberta entre os tapumes colocados para proteger não apenas o monumento, assim como à praça em geral, que está passando por obras, apenas o esqueleto de sustentação da escultura, feito de metal, de pé.
O restante da construção, feita de fibra de vidro, estava espalhada pelo chão. Ao chegar mais próximo, era possível sentir ainda um cheiro forte do produto, que em sua composição podem conter resinas e solventes. Mas, mesmo com a completa destruição da obra, que foi inaugurada na Praça Cayru nos anos 1970, ainda houve quem entrasse local, ontem, para retirar algum material de valor, conforme flagrante do repórter fotográfico Romildo de Jesus.

Para os que trabalhavam ou vivem na região, a sensação era de incredulidade. “Eu estava tomando conta dos carros, quando vi a fumaça, que se espalhou rapidamente, subir. As pessoas começaram a gritar e correr sem saber o que fazer, pedindo ajuda. Infelizmente, Salvador perdeu uma das referências, ao lado Mercado Modelo e do Elevador Lacerda”, disse Carlos Souza da Silva, guardador de carros.
Dono de um projeto social voltado ao boxe em um dos prédios que fica em frente ao monumento, Vagner Aranha lamentou a tragédia e suspeita de que um curto-circuito possa ter causado o incêndio. “Eu dava aulas ali. Era um patrimônio nosso que se perdeu, um cartão postal da cidade. Acredito que acabe ficando sem sentido”, afirmou.
Para a também guardadora de carros, Érica Silva, que há mais de 20 anos trabalha no local, o incêndio foi reflexo de uma negligência. “Os bombeiros demoraram demais a chegar e, quando chegaram, já tinha acabado tudo. Foi tudo muito rápido. Eu fiquei surpresa e comecei a chorar. Imaginava que o monumento era de concreto. A cidade fica mais feia, sem dúvida”, comentou.
RECONSTRUÇÃO
No mesmo dia do incêndio, a Prefeitura de Salvador já havia se manifestado no sentido de reconstruir o monumento. O gestor municipal, ACM Neto, lamentou a destruição da escultura e determinou que a Fundação Gregório de Mattos (FGM) reconstrua a obra originalmente feita pelo artista plástico Mário Cravo Júnior. "A família de Mário Cravo vai doar à Prefeitura o projeto original e vamos reconstruir", anunciou. Na oportunidade, o Executivo informou que está à disposição dos bombeiros e da polícia para auxiliar nas investigações sobre as causas do incêndio.
No final da tarde do último sábado, representantes da Prefeitura estiveram no local para avaliar as medidas que serão tomadas diante da destruição. O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, salientou que a escultura de Mário Cravo, um dos cartões postais da cidade, terá que ser reconstruída do zero e que as negociações com a família do artista serão iniciadas imediatamente.
“Somente a partir da conversa com a família é que podemos dar uma posição sobre prazo e valor que a Prefeitura vai investir na reconstrução deste importante monumento. Mas queremos fazer isso rapidamente. Nosso desejo inicial é que essa obra de arte de Mário Cravo fique exatamente igual ao que era antes”, declarou o titular da Fundação.
Também presente no local, o secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, contou que os familiares de Mário Cravo já sinalizaram a disposição de colaborar. “A decisão da reconstrução já foi tomada pelo prefeito ACM Neto. Agora, vamos conversar com a família do artista e obter os projetos. Membros da própria família que trabalham na área artística podem contribuir com essa missão. Mas, se for necessário contratar alguém de fora para seguir o projeto original, também vamos fazer”, salientou.
No mesmo dia, a polícia técnica foi ao local para iniciar as investigações sobre as causas do incêndio. Por outro lado, a Defesa Civil de Salvador (Codesal) vai elaborar um relatório técnico para auxiliar todos os órgãos envolvidos.
HISTÓRICO
De concepção moderna idealizada pelo escultor Mario Cravo Júnior – falecido em 2018 - e localizado onde antigamente ficava o primitivo Mercado Modelo, o monumento foi erguido em 1970 e possuía dupla função: escultura e fonte luminosa. Segundo o site da Fundação Gergório de Matos (FGM), de todas as interpretações que lhe foram dadas, devido à sua forma arrojada e descomprometida com quaisquer elementos reais conhecidos ou representações obvias, a que mais se aproximava era a semelhança às velas dos saveiros que costumavam atracar na rampa do mercado. O material com que foi construído, resina reforçada com fibra de vidro, foi utilizado em caráter experimental e ficou até hoje. A ideia era fazê-la depois em concreto armado.

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