sexta-feira, 11 de outubro de 2019

OPAS/OMS e Secretaria da Saúde do Estado promovem simpósio internacional sobre as estratégias necessárias para um trânsito seguro na Bahia


Resultado de imagem para acidentes de mortes no estadoPlano estadual para reduzir, no mínimo, em 20% as mortes e lesões por acidentes de trânsito será apresentado ainda este ano 

Cerca de 40% das internações hospitalares na Bahia são decorrentes de acidentes de trânsito, sobretudo, envolvendo motocicletas. O total de óbitos nos últimos dez anos também impressiona: de 2009 a 2018 foram registradas 24.479 mortes em acidentes de trânsito, número superior a população de 287 cidades baianas, como Laje, Uauá e Coração de Maria. Somente em 2019, já foram registrados 1.481 óbitos.

Tendo em vista que os acidentes de trânsito podem ser uma ocorrência cotidiana, mas os óbitos são previsíveis e evitáveis, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), que atua como braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) promovem, no dia 15 de outubro, a partir das 8h30, o Simpósio Internacional Trânsito Seguro. O evento é gratuito, de acesso público e acontece no auditório jornalista Jorge Calmon, na Assembleia Legislativa da Bahia. As inscrições serão feitas no local. Na oportunidade, serão apresentadas experiências exitosas nacionais e internacionais, cujos elementos farão parte do plano estadual para redução das mortes e lesões por acidentes de trânsito, sobretudo, motocicletas, a ser apresentado ainda este ano.

O evento contará com palestrantes internacionais, como a chefe da representação da OPAS/OMS no Brasil, Socorro Gross, e do diretor do Consejo Nacional de Seguridad Vial da Costa Rica, Carlos Contreras-Montoya. Em nível nacional, estarão presentes a presidente da Associação Nacional de Detrans, Larissa Britto, o diretor da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde, Eduardo Macário, e o comandante da operação Lei Seca em Pernambuco, major da PM André Felipe Gondim. Todos eles terão um ponto em comum: o enfrentamento dos acidentes com motos.

De acordo com o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, “os acidentes de moto representam hoje o maior e mais grave problema de saúde pública do estado, tendo em vista os elevados custos econômicos e sociais, além da elevada taxa de ocupação de leitos hospitalares, visto que são pacientes politraumatizados”, afirma.

Ainda de acordo com o secretário, é preciso uma atitude conjunta de governos e organizações da sociedade civil para montar um plano de enfrentamento desse grave problema. “Aqui na Bahia, a Secretaria Estadual da Saúde tem promovido reuniões entre diferentes órgãos e secretarias estaduais e municipais, cujas deliberações irão compor o plano estadual de combate aos acidentes de moto”, ressalta.

Além da Sesab, participam do Comitê Estadual de Segurança Viária as secretarias estaduais de Educação (SEC), Comunicação (Secom), Segurança Pública (SSP) e Infraestrutura (Seinfra), bem como o Detran, o Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems) e a União dos Municípios da Bahia (UPB).

Plano estadual

O plano estadual trará um pacote de medidas técnicas para a segurança no trânsito que dizem respeito à gestão da velocidade, à concepção da infraestrutura, à segurança dos veículos, à legislação e seu cumprimento, ao atendimento de emergência após acidentes e à liderança na segurança no trânsito.
Dentre o rol de intervenções baseadas em evidências científicas, apura-se que um corte de 5% na velocidade média pode resultar em uma redução de 30% no número de acidentes de trânsito fatais.

Quanto maior a velocidade média do trânsito, maior a probabilidade de um acidente. Por exemplo, um aumento de 1 km/h na velocidade veicular média resulta em um aumento de 3% na incidência de colisões que resultam em lesões e em um aumento de 4% a 5% na incidência de acidentes fatais.

Quanto maior a velocidade, mais longa é a distância de frenagem e, em consequência, maior é o risco de um acidente de trânsito. Com uma velocidade de 80 km/h em pista seca, são necessários em torno de 22 metros (a distância percorrida durante um tempo de reação de aproximadamente 1 segundo) para reagir e um total de 57 metros para conseguir parar o veículo completamente. É maior a probabilidade de os condutores jovens e os do sexo masculino dirigir em velocidade excessiva. Outros fatores que podem influenciar a velocidade são o álcool, o traçado da via, a densidade do trânsito e as condições meteorológicas.

Notificação compulsória

A Bahia foi o primeiro estado do Brasil a incluir os acidentes de trânsito na lista de doenças de notificação compulsória (obrigatória), para interesse de saúde pública. A portaria, assinada pelo secretário estadual da Saúde, foi publicada em 10 de novembro de 2017, no Diário Oficial do Estado, e busca aperfeiçoar as estatísticas do setor e avançar no mapeamento das localidades e zonas de maior incidência.

De 1º de janeiro a 8 de outubro desse ano foram registrados 16.822 vítimas de acidentes de trânsito, o que dá uma média superior a 59 casos por dia.
 
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o perfil das vítimas são, em sua maioria, homens  (75,1%) com idades entre 20 e 39 anos (57,1%).


Custos

No Brasil, estimativas conservadoras calculam em cerca de R$ 50 bilhões ao ano os gastos com os acidentes, incluindo atendimento médico-hospitalar, seguros de veículos, danos a infraestruturas, perda ou roubo de cargas, entre outras despesas.

É preciso lembrar que existem outros custos envolvidos neste contexto, como o do absenteísmo por doença (falta do trabalhar por atestado ou licença-saúde), com auxílios doença e tudo o mais que o País tenha investido no indivíduo que veio a óbito ou que ficou inválido em idade produtiva. Mais grave do que toda essa matemática, porém, são as sequelas físicas e emocionais – muitas vezes irreversíveis – que cada um destes acidentes deixa na vida das pessoas.

Na Bahia, entre 1º de janeiro de 2015 e 4 de outubro de 2019, as despesas somente com internação hospitalar consumiram R$ 50 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Vale ressaltar que este montante não contabiliza medicamentos, fisioterapias, órteses e próteses, o que multiplicaria este valor em mais de dez vezes.

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