sábado, 11 de fevereiro de 2017

"Carnaval religioso!" Artigo de Antonio Nunes

                                        Carnaval religioso!
                                                      Antonio Nunes de Souza*


Pode parecer uma blasfémia falar sobre um possível carnaval, onde todas as religiões, ou as mas professadas na Bahia, sejam as responsáveis pela programação, ou apenas tenham participações misturadas as comemorações normais e de praxe pelos foliões convencionais!


Não é novidade para ninguém que as músicas e as danças já fazem parte ativa dos cultos, procissões, ou outros eventos religiosos. Já existe uma divulgação bastante acentuada pela televisão, assim como na internet!

Então, partindo desse princípio, sem querer debochar de nenhuma crença, estamos fazendo uma suposição de como seria um carnaval de rua organizado pela religiosidade baiana, cada uma apresentando seus blocos, trios e astros:
Os católicos se apresentariam com o convidado especial “padre Marcelo a Salvação!” (Uma réplica de o Safadão), com abadás tipo curtas batinas coloridas e com imagens de diversos santos que gostavam de folias antes de beatificados. Como complemento, logo atrás do trio, uma enorme carreta sonorizada com centenas de padres cantantes, comandados pelo famoso padre “Zezinho” e seu conjunto Os filhos de Nossa Senhora. Bloco livre, sem cordas e com direito a um banho de água benta, regularmente, durante o percurso para amenizar o calor. Como a religião católica é a maior e tem grandes poderes ainda, o circuito escolhido foi do Largo da Conceição até a Igreja do Bonfim. Bastante longo, porém, com muitas paradas nas igrejas do caminho, para descansos e atender aos devotos de diversos bairros!

Já a religião evangélica, com sua força capitalista, sem poupar recursos, não contratariam apenas um trio. Contratado seria o Sexteto de Jô Soares, num monstruoso caminhão de trinta e seis rodas e iluminação importada do Japão. Como atração principal, Bispo Macêdo fazendo pregações de hora em hora nos intervalos do desfile, além de alguns milagres com deficientes cadeirantes, fazendo com que se levantassem e saíssem sambando e dançando frevos! Essa Ala seria chamada de “Milagre é bom e eu gosto!”
Logicamente, para ter direito a participar no festejo evangélico, você teria de pagar um modesto dízimo para ajudar nas despesas!

Os espíritas, mais modestos e sérios, teriam apenas dois blocos nesse primeiro carnaval experimental de religiosidades: “Espíritos de porco e suas chatices!”, sem nenhum trio, apenas uma grande charanga, com alguns médios dando “passes” para acalmar as almas penadas que entravam no meio da folia. Já na traseira com uma estrutura de dar inveja a Armandinho, Dodô e Osmar, estaria lá o famoso Divaldo Franco, todo de branco, com um grande sorriso nos lábios, declamando suas santas palavras, tendo como fundo musical uma orquestra sinfônica de primeira linha, tocando “Jesus a alegria dos homens e o Bolero de Ravel!”

Na parte dedicada ao candomblé foi feita uma união com a Umbanda, pela similaridade religiosa e seria: Um...Banda Trio e seus Brawzinhos, comandados por Carlinhos Brawn e alguns componentes da Timbalada, Olodum e Filhos de Gandi, tendo como convidado especial nosso ídolo Gilberto Gil, no meio de centenas de baianas do terreiro de Gantoir!

Logicamente, com um estudo mais minucioso, no segundo carnaval, tudo seria melhor distribuído, novas religiões participando, o povo compreendendo que trata-se de amenizar as loucuras carnavalescas, humanizando uma grande festa que mexe com todo povo baiano!

Espero que ao ler essa crônica, não olhe com o olhar pecaminoso e nem denominar como uma heresia, pois, seriamente, estamos apenas vislumbrando algo que, num futuro próximo pode acontecer!


*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com

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