Preparativos
de Papai Noel!
Antonio
Nunes de Souza*
Ante
véspera de Natal a equipe de Papai Noel está na maior agonia no grande
depósito, fazendo a seleção de presentes, colocando endereços e CEPs para
facilitar as entregas, mesclando as substituições em função de não merecerem ou
estar em falta, fazendo a parte mais chata que é a de embrulhar com laços e
fitinhas, etc.!
Uma
equipe dos mais jovens auxiliares está selecionando as Renas mais ariscas,
fortes e sadias para a grande viagem em volta da terra, fazendo suas paradas em
chaminés e janelas com meias ou sapatinhos dos esperançosos que, mesmo depois
de adultos, continuam acreditando em milagres!
Papai
Noel, como sempre foi um velhinho previdente, todos os anos faz um check-up
completo um mês antes do Natal, pois, não gosta e nem acha sensato aparecer
indisposições de última hora. Ele nunca esqueceu uma noite que, na hora da
saída, deu uma disenteria e ele teve que ir levando dois penicos no trenó e
fazendo suas necessidades pelos caminho!
Como
ele é uma figura lendária, suponho que já tenha nascido velho e com barbas
brancas, pois, nunca soube nada a respeito dele adolescente ou jovem fazendo
entregas de presentes. O fato é lhe queremos um bem muito grande, lhe dedicamos
muito amor, pois, a bem da verdade, faz a alegria das crianças e, muitas vezes,
dos velhinhos e adultos!
Então,
esperem todos a sua chegada, enfeitem a suas casas, coloquem suas árvores
iluminadas, por menores que sejam e, amanhã a noite, se ele não aparecer,
transformem-se todos em Papai Noel e façam a felicidade de todos que estão em
suas voltas, mostrando solidariedade e humanismo!
______________________________________________________
O
pequeno grande homem!
Em
todos lugares, principalmente em comunidades interioranas, temos sempre um
articulador político, espécie de mestre de cerimônia com representação que,
tranquilamente, pode entrar ou sair governo, mudar ou não mudar partidos e,
como um peixe ensaboado, esse personagem está sempre por cima e,
sorrateiramente e escorregadio, cheio de poderes com as administrações!
Aqui
em nossa querida Itabuna, temos, reconhecidamente, meu antigo e querido amigo
Rui Machado, bem mais conhecido com a alcunha de “LITTLE PIG”!
Não
sou contra seus grandes poderes junto aos políticos que estão no poder, apenas,
como cidadão, munícipe e gostar muito da minha terra, creio que seria muito
mais justo, que os prefeitos dessem seus cargos como compensações dos
favorecimentos eleitoreiros, porém exigissem que esses fossem ocupados por
pessoas da área, qualificados e que ofereçam a comunidade serviços eficientes e
de qualidade profissional. Custamos acreditar que, nessa hora que estamos procurando
melhorar o nível educacional, cultural e de cidadania, nossa instituição maior
nessas árias, seja entregue a uma pessoas, que não nego as suas qualidades em
outros setores!
Espero,
sinceramente, que nosso “pequeno grande homem”, nosso astuto cheio de
prestígios, faça reflexões, pense em beneficiar o povo e a vertente artística
da região, em vez de nos entregar na boca de “um leão”. Basta o Leão do imposto
de renda que não temos escapatória.
Se
você meu Little PIG repensar sua indicação da FICC e outras indicações, juro
que começarei a trata-lo como: THE BIG PIG”!
___________________________________________________________
A
história do Doutor Sabi!
Antonio
Nunes de Souza*
- Boa tarde Dr. Sabi. Eu sou o jornalista
José Roberto designado pela tv para entrevistá-lo, em função do senhor ter
ganho o prêmio máximo da Academia Sul-americana de Psicanalistas!
-Boa tarde e muito prazer! Queira sentar-se,
dê as coordenadas ao seu câmera e estou as suas ordens!
-Geralmente as entrevistas são feitas através
de perguntas e respostas, mas, o meu estilo é um tanto diferenciado e, como
estou tratando com um homem qualificadíssimo e respeitado mundialmente, com o
dom de oratório invejável, prefiro, se não for incômodo, ligar o microfone e a
câmera e o senhor, sem interrupções, narrar a sua história desde criança!
-Será interessante dessa forma, pois, com a
liberdade de falar o que desejo, certamente, contarei fatos desde minha
infância até os dias atuais. Pois, sem querer ofender a capacidade jornalística
de ninguém, já tive oportunidade de ser entrevistado em algumas ocasiões e,
infelizmente, saí decepcionado com as tolas perguntas, comprovando o despreparo
do entrevistador!
-Sou filho de família paupérrima, meu pai um
lavrador analfabeto, assim como a minha mãe, ambos empregados de um velho
coronel do cacau, itabunense que morava na cidade e fazia periódicas visitas a
sua grande roça, produtora de 6 mil arroubas de cacau. Como você pode ver, sou
negro, de descendência africana, uma vez que meus pais eram descendentes
diretos de legítimos africanos. E, naquela época era comum os patrões, nas suas
sabedorias, como era praxe os trabalhadores pedir aos patrões para batizar os
seus filhos, eu fui batizado pelo coronel, na capela da fazenda, quando o padre
vinha fazer mensalmente uma missa!
-Já com dez anos, forte e com ótima saúde,
como era hábito, os patrões escolhiam sempre mocinhas e meninos seus afilhados,
para dizer que iam cria-los na cidade e levavam para servirem de escravos
domésticos, nos matriculando em escolas públicas a noite que, pelo cansaço do
trabalho durante o dia, ficávamos quase cochilando nas salas de aula. Porém, como
eu percebi que só quem tem valor nas cidades são as pessoas que sabem ler e
escrever bem, fazia um esforço sobre humano e, não só estudava a noite, como também
durante o dia em qualquer horinha livre, metia a cara no livro!
-Os filhos do patrão me colocaram logo o
apelido da SABI. E eu, como nem sabia o que e porque, atendia por esse nome,
enquanto todos davam risada. Eu até que achava engraçado, mas, nem sabia o
porquê!
-Desculpe doutor a minha interferência, mas o
seu nome não é Sabi?
-Claro que não! Mas, depois foi que eu fui
descobrir que, por eu ser negro retinto e pequeno eles me chamavam de Sabi
achando que eu era um saci com duas pernas. Assim formava uma junção da palavra
“saci e de dualidade o bi”. Tenha certeza que fiquei com o maior ódio dessa
discriminação e deboche que eles, sarcasticamente, procediam. Não que me
sentisse inferiorizado, mas, pela maneira desprezível que era pronunciada com
um sorriso de deboche nos lábios. Resultado é que todos da casa já me chamavam,
até a asquerosa da minha madrinha que explorava meu trabalho infantil.
Mas, você pensa que todas essas coisas me
melindravam? Nada disso, serviam de estímulos para que, com 17 anos já estar
terminando meu secundário e preparando-me para enfrentar o vestibular. A essa
altura já um rapaz, experiente e bem informado, fazia as funções domésticas,
lavava os carros, limpava os sapatos, a piscina, lavava toda área em volta da
grande casa, cuidava do jardim e da grama, além de compras e outros pequenos e
grandes serviços. E isso tudo em troca de casa e comida e alguns trocados
eventuais, pois eu não era empregado era um “parente” que ajudava nos serviços
domésticos. Até as minhas roupas eu herdava das velhas e fora de moda dos seus
dois filhos. Uns canalhas exploradores, que utilizavam esse método habitual na
região!
Quando completei 18 anos fiz vestibular e
passei em primeiro lugar em duas faculdades e segundo em outra, sendo bastante
elogiado pela minha cor, perseverança, e ainda tive que suportar a minha
madrinha se vangloriar e dizer que graças a sua bondade e cuidados que teve
comigo, eu conseguir vencer essa etapa na vida.
-Vendo e sentindo isso, resolvi fazer um
concurso, já que ganhei bolsa em duas das faculdades, além da federal e, pelo
meu preparo e abnegação, consegui uma vaga de auditor no Estado, sendo o mais
jovem dos meus colegas. Naquela época não era exigido nível universitário para
trabalhar na auditoria. Imediatamente aluguei um pequeno apartamento quitinete
num bairro suburbano, por ser mais barato e fui morar sozinho, mesmo levando a
pecha dos meus exploradores de mal agradecido em abandonar os serviços, pois
obrigariam eles pagarem, pelo menos, um salário mínimo à um substituto!
Com 23 anos terminei minha faculdade, sendo
um dos mais brilhantes da turma e, por essa razão, tornei a ganhar uma nova
bolsa, desta feita para fazer pós graduação e mestrado. Não pestanejei e nem de
longe deixei de estudar em qualquer minuto livre, procurando sempre ser o
melhor e conseguir meus objetivos. Na minha tese de mestrado apresentei um
trabalho que foi publicado nos Estados Unidos, com uma admiração tão grande
pela minha classe que, a Oxford University me convidou para fazer o doutorado
sem nenhuma oneração de custos e ainda uma bolsa complementar de mil dólares
mensais para minhas despesas com livros e alimentação!
-A essa altura, pelo hábito de viver anos
sendo chamado de SABI, todos os meus trabalhos publicados em revistas
especializadas, seminários, conferências, etc., eu sempre usei o meu apelido
como pseudônimo. E, como meus trabalhos sempre foram marcantes e provocavam
discursões elogiosas, ninguém se preocupara em saber, na verdade, como era o
meu nome real. Até a mídia, quando fui lançar meu primeiro livro, com 32 anos
de idade, com todos os certificados da linha profissional e curricular, bradou
e escreveu em letras garrafais: Doutor SABI lançará seu livro em S. Paulo e
este foi elogiado e prefaciado pelo grande filósofo e prêmio Nobel da
Literatura Fernando Caldas!
-Depois disso, passei a continuar estudando,
fazendo cursos em Cornnel, Cambridge, França, Suíça, Alemanha e outras partes
do mundo, já publiquei 23 livros, onde cito as minhas experiências vividas,
pesquisas comprovadas, desenvolvimentos mentais e espirituais, as análises e
suas nuances, em fim, os segredos da mente humana!
-E, por conta de tudo isso, fui gentilmente
agraciado com essa honrosa premiação!
-Sensacional a sua história doutor Sabi.
Tenho certeza que servirá de estímulo para muitas pessoas, perceberem que, em
vez de se melindrarem, terem coragem frente as adversidades e preconceitos,
lutarem mostrando que são capazes de alcançar admiráveis posições profissionais!
-Para finalizar eu gostaria que o senhor
dissesse como é o seu verdadeiro nome para os nossos telespectadores!
-Meu nome é Adalmir Theodorico Pacheco de
Farias!
__________________________________________________________
Explosão
de Papai Noel!
Antonio
Nunes de Souza*
Na
cabeça de todo mundo, imagina-se que personagens de origens celestiais, status
de santo, que vivem em patamares privilegiados, jamais perdem a paciência e,
mesmo baixinho, xingam um nome feio! Mas, tenho que confessar agora que estou
bastante revoltado me tranquei na minha casa/iglu e, sozinho, soltei cobras e
lagartos, uma serie de nomes dos mais chulos e corriqueiros nas bocas humanas,
desabafando minha revolta com relação a uns cretinos pedidos que recebi através
de cartas! Lógico que antes de soltar meu praguejamento pecador, verifiquei se
não haviam câmeras e microfones da PDS (Polícia Divina do Senhor) escondidas,
por ordens do tal juiz Moro, considerado pelos políticos como o maior “alcagoete”
vivo da história brasileira!
Agora,
já mais calmo, resolvi confessar a causa dessa minha explosão, exatamente e,
praticamente, as vésperas do Natal, ocasião que trabalho pra caralho, (oh! Me
desculpem esse palavrão), depois de ler milhões de cartinhas das crianças
pedindo seus preciosos brinquedos, me chega via Sedex milhares de cartas de
políticos de todo Brasil, pedindo para que eu consiga uma liminar Sagrada do
Espírito Santo, determinando perdão não só de todos os processos da operação
“Lava Jato”, como também uma anulação geral para todos os desmandos, nada de
devoluções de numerários e, por fim fazer o povo engolir aplaudindo aos grandes
golpistas Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e os outros famigerados
pecadores pertencentes a classe empresarial!
É
ou não é terem caras de pau, em querer me envolver como colaborador de
safadezas?
Na
verdade as cartas, para ser mais claro, solicitam uma anistia geral, para todos
os partidos, desse e do governo passado! É o não é uma grande ousadia e falta
de respeito a minha pessoa?
Pois
é meus amigos, logo na época que fico alegre e feliz, esses bandidos, me
aparecem com essa ideia criminosas para me tirar do sério e fazer eu
esbravejar!
O
que vou levando e com prazer é uma grande carga de tornozeleiras eletrônicas
pra colocar nas canelas dos bandidos mais sagazes que conseguem prisão
domiciliar!
Tenho
ou não tenho razão para explodir?
__________________________________________________________
A mulher
Bi!
Antonio
Nunes de Souza*
Certamente,
com esse título, você logo imaginou tratar-se de uma mulher bissexual mas, não
é nada disso! Sou padre há 26 anos, me ordenei com 21 anos de idade e, juro por
Deus (mesmo tendo que jurar seu nome em vão, que é pecado), que jamais conheci
uma pessoa, ou melhor uma confissão tão estranha e pecaminosa, executada de uma
maneira completamente inusitada, levando a personagem a um comportamento dúbio
e, o que é mais aterrorizador, completamente de hábitos estranhos!
Cidade
de porte pequeno para médio, onde quase todos se conhecem, porém, uma das
minhas paroquianas das mais fervorosas, que não revelarei o nome, basta estar
quebrando o meu juramento de jamais comentar as confissões ouvidas, sendo o
correto determinar rezas e atos de contrições e, mais que depressa, esquecer o
que ouviu, entregando para o perdão divino!
Mas,
nesse caso, se eu também não fizer uma confissão, ficarei engasgado pelo resto
da vida, somente por ter ouvido essa pessoa, beata das verdadeiras “baratas de
sacristia”. Mulher de seus quarenta e cinco
anos, solteira, sem filhos e moradora sozinha, já que tinha vindo para a cidade
há uns 20 anos em função do seu emprego federal que a transferiu para longe da
família moradora em outro estado!
A
primeira vez que ela me fez esse relato, achei que seria apenas um fato
ocorrido, por razões de oportunidade, ou casualidade que, inesperadamente
aconteceu. Disse-me ela que, desde de jovem sentia duas grandes necessidades em
sua vida: uma de grande religiosidade e a outra de prazer sexual! De dia
rezando e professando com fervor a eucaristia e a noite devotando
gananciosamente a putaria! Essas foram, textualmente, as suas palavra! Eu quase
caí duro no confessionário, levantei o rosto para olhar a sua cara e vi que era
mulher nada mocinha, porém ainda bonita e viçosa!
Não
me contive e, sem dar ideia de censura, lhe perguntei se isso era comum na vida
dela, ou apenas aconteceu uma vez ou duas?
Ela,
sem titubear ou tremer a voz, foi incisiva e repetiu: Padre meu dia todo eu
ofereço a Deus, rezando ajoelhada e nunca falho. Mas, a noite só sinto-me bem
sentada num caralho! O mais curioso é que ela usava de um linguajar perturbador
de tão vulgar, sem, pelo menos, disfarçar seus posicionamentos noturnos!
Lógico
que procurei dar uma serie de conselhos, mostrar que esse comportamento era
inadequado, que ela deveria ser mais comedida, até que arranjasse um marido e
oficializasse esse seu pecado mais que mortal! E ela, veementemente, respondeu:
Gosto de rolas diferentes! Nada de repetições de cardápio, pois o que mais
adora é a surpresa da variação. Grande, pequena, grossa ou fina, essas todas eu
curto desde menina!
Meu
Deus, fiquei chocado e horrorizado com essa confissão de uma mulher, realmente
“Bi”, pois, de dia era uma santa e a noite uma puta! Imaginei logo que, por ser
uma média comunidade, que todos os homens já tinhas comido sua xoxota pecadora
e demoníaca, instalada num corpo santificado!
Mandei
que ela rezasse uma tonelada de Ave Maria e Padre Nosso. Mas, quem disse que
resolveu? Todos os sábado ela volta e repete os acontecidos, cumpre sua
penitência e, mesmo dando uma na noite do sábado, no domingo pela manhã
ajoelha-se em frente ao altar mor, com véu e terço na mão, pede perdão a Deus e
faz a sua comunhão, depois vai cantar no coral da igreja!
Que
Deus, na sua divina bondade, me perdoe por estar quebrando a jura do silencio.
Mas, se eu não fizesse essa confissão, terminaria enlouquecendo!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja responsável