sábado, 7 de maio de 2016

O impeachment da presidente Dilma é uma antirrevolução da direita

Posted on 

Leonardo BoffO Tempo
Sou um dos poucos que têm dito e repetido que a ascensão do PT e de seus aliados ao poder central tem significado a verdadeira revolução pacífica brasileira. Florestan Fernandes escreveu que “A Revolução Burguesa no Brasil” (1974) representou a absorção pelo empreendedorismo pós-colonial de um padrão de organização da economia, da sociedade e da cultura, com a universalização do trabalho assalariado, uma ordem social competitiva e uma economia de mercado de bases monetárias e capitalistas.

Se bem repararmos, não ocorreu propriamente uma revolução, mas uma modernização conservadora que alavancou o desenvolvimento brasileiro, mas não promoveu uma mudança do sujeito de poder. Os que sempre estiveram no poder, sob várias formas, continuaram e aprofundaram seu poder. Não houve uma mudança de sujeito do poder como agora.
OS SEM-PODER
É isso que, a meu ver, ocorreu com o advento do PT e de aliados com a eleição de Lula presidente. O sujeito não é mais formado pelos detentores tradicionais de poder, mas pelos sem-poder: os vindos da senzala, das periferias e dos fundões de nosso país, do novo sindicalismo, dos intelectuais de esquerda, da Igreja da libertação.
Todos esses, num longo e penoso processo de organização e articulação, conseguiram transformar o poder social que haviam acumulado num poder político-partidário. Via PT, operaram analiticamente uma autêntica revolução.
Conferiu-se novo rumo ao país. Lula presidente teve que fazer concessões à macroeconomia neoliberal para assegurar a mudança de rumo, abrindo-se ao mundo dos pobres e marginalizados. Conseguiu montar políticas sociais, algumas inauguradas anteriormente de forma apenas inicial, mas agora oficiais, como políticas de Estado. Elas “atenderam as necessidades mais gerais e profundas que não haviam sido antes devidamente atendidas” (Caio Prado Jr.).
MUITOS PROGRAMAS
Enumeremos algumas, como Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e Luz para Todos, as inúmeras universidades e escolas técnicas, o Fies e os diversos regimes de cotas para acesso à universidade. Ninguém pode negar que a paisagem social do Brasil mudou. Todos, também os banqueiros e os endinheirados, saíram ganhando.
Logicamente, herdeiros que somos de uma tradição perversa de exclusão e desigualdades gritantes, muita coisa resta ainda por fazer, particularmente no campo da saúde e da educação. Mas houve uma revolução social.
ANTIRREVOLUÇÃO
Por que nos referimos a todo esse processo? Porque está em curso no Brasil uma antirrevolução. As velhas elites oligárquicas nunca aceitaram um operário como presidente. Relacionada à crise econômico-política (que devasta a ordem capitalista mundial), uma direita conservadora e rancorosa, aliada a bancos e ao sistema financeiro, a investidores nacionais e internacionais, à imprensa empresarial hostil, a partidos conservadores, a setores do Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público – sem excluir a influência da política externa norte-americana, que não aceita uma potência no Atlântico Sul ligada aos Brics –, essa direita está promovendo a antirrevolução.
IMPEACHMENT
O impeachment da presidente Dilma é um capítulo dessa negação. Querem voltar ao estado anterior, à democracia patrimonialista e de costas para o povo, pela qual se enriquecem como no passado.
Além de defender a democracia e desmascarar o impeachment como golpe parlamentar contra a presidente Dilma, importa assegurar a revolução brasileira, pela qual esperamos há séculos. Repito o que escrevi e vi num tuíte: “Se os pobres soubessem o que estão armando contra eles, as ruas do Brasil seriam insuficientes para conter o número de manifestantes”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja responsável

Mais de 80% das pastagens do Sul da Bahia podem ser convertidas em Sistemas Agroflorestais com cacau

Itabuna realiza mais um Seminário de Legislação Eleitoral na ACI

MAIS UM SEMINARIO ElEITORAL, SE INSCREVA! Dr. Allah especialista na Lei Eleitoral Levado pelo grande sucesso do último Seminário, realizado ...