Durval Pereira da França Filho* |
ILDÁSIO
TAVARES (1940-2010)
Conheci Ildásio Tavares em
1994, quando participei de um Concurso Regional de Poesias, em Ipiaú, junto com
o saudoso Adelmar D. Santos, que foi o classificado em primeiro lugar. Eu
fiquei em terceiro. Ildásio Tavares estava lá para o lançamento de seu novo
romance A Ninfa. Conversamos bastante
sobre a cultura regional e, no exemplar que adquiri, ele colocou: “Ofereço A Ninfa a Durval Filho, com todo apreço
e admiração por seu talento e seu brilho. Ipiaú, 12 de janeiro de 1994”.
Ildásio Marques Tavares nasceu na fazenda São Carlos,
atual município de Gongogi, região cacaueira da Bahia, no dia 25 de janeiro de
1940, filho de Eduardo Tavares dos Santos e Hilda Marques Tavares. Estudou em
Salvador, onde se formou em Direito, e em Letras pela Universidade Federal da
Bahia. Fez mestrado na Southern Illinois
University, dos Estados Unidos,
doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-doutorado na
Universidade de Lisboa.
Dono de curriculum invejável, era poeta,
romancista, novelista, dramaturgo, ensaísta, compositor, e pertenceu à geração
da Revista Bahia, ao lado de Cyro de Mattos, Marcos Santarrita, José Carlos
Capinam, Ruy Espinheira Filho e tantos outros.
Seu primeiro livro de poesia, Somente um Canto,
foi publicado em 1968 e a esse seguiram outros, de poesia e em prosa: romances,
teatro e ensaios. Como compositor teve
46 músicas gravadas por Vinícius de Moraes, Maria Bethania, Alcione, Toquinho,
Nelson Gonçalves e Maria Creusa.
Comprometido com a cultura afro-brasileira, foi Ogá de
Oxum e Obá Arê da Casa de Xangô, do Axé Opó Afonjá. Também foi autor da ópera Lídia
de Oxum.com música de Lindembergue Cardoso,
regida por Júlio Medaglia, levada às margens da Lagoa do Abaeté, em
Salvador, para um público de aproximadamente 30 mil espectadores. Depois, foi
apresentada em diversos palcos brasileiros.
Tradutor e professor de Inglês, durante quase vinte anos,
serviu-se dessa experiência para o seu livro A Arte de Traduzir. Seu
trabalho poético tem merecido crítica favorável de grandes nomes nacionais e
estrangeiros, como Carlos Nejar, que o considerava poeta baiano e universal;
Jorge Amado, Fernando Py e Nelson Werneck Sodré. Tem poemas traduzidos e
publicados na Argentina, Uruguai, Chile, Bulgária e Estados Unidos, onde
lecionou Português e Literatura Brasileira.
O dono dessa brilhante produção faleceu no dia 31 de
outubro de 2010, aos 70 anos, em razão de um grave acidente vascular cerebral,
que resultou em falência múltipla dos órgãos. Uma grande perda.
*Historiador
e diretor da Biblioteca Municipal Afrânio Peixoto (Canavieiras).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja responsável