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Júlio César |
ONDE VOCÊ LEVA A SUA FAMÍLIA?
No último dia 27 de junho
ocorreu, no Centro de Convenções de Ilhéus, a solenidade de formatura dos
cursos técnicos ministrados pela Rede Estadual de Ensino no CEEP – Centro
Estadual de Educação Profissional (antigo Colégio Estadual de Ilhéus),
referente aos cursos de nível médio nas áreas de Logística e demais cursos
ministrados naquela instituição.
Sou professor do CEEP e compareço
todas as vezes que há formatura, para prestigiar meus alunos e colher, de minha
profissão, a satisfação de ver frutificar o resultado de nosso trabalho
docente, concretizado na formação de meus queridos alunos e alunas.
É sempre muito gratificante ver
as famílias dos alunos presentes e orgulhosas pela vitória alcançada pelo
parente querido, que sobe ao palco para colher o certificado de sua graduação, fazendo
brilhar os olhos e acelerar de emoção os corações de pais, mães, avós, irmãos e
demais parentes daqueles jovens de família quase sempre humilde, que agora
melhor se capacitam para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e da
vida.
Tais fatos, entretanto, me remetem
a outras reflexões...
No dia-a-dia da vida e por força
de meu outro trabalho, por vezes também vou à Delegacia de Polícia. Lá também
encontro muitos jovens, mas em situação bem diferente: Foram conduzidos na
viatura da PM e lá se encontram prestando depoimento, acusados ou flagranteados,
enquanto suas famílias, aflitas, constrangidas, desoladas aguardam, entre
decepcionadas e temerosas, o desenrolar dos fatos.
Esse mesmo quadro de pais
inconformados, de mães à beira do desespero, de parentes com olhar triste,
distante, também é encontrado em outras instituições onde vão parar os jovens
que não cuidaram de direcionar suas vidas para o estudo e o trabalho
dignificante. Não é menos doloroso o sentimento de quem visita o filho jovem em
um presídio, em uma casa de recuperação de dependentes químicos ou em outras
instituições do mesmo gênero.
Por incrível que possa parecer,
chegamos a um ponto, no Brasil, em que mesmo os parentes que visitam um jovem
na carceragem ou na casa de recuperação ainda são, de certa forma, menos
infelizes.
É que há os jovens que, após se
entregarem à prática de crimes, acabam mortos por desconhecidos, ou pela
polícia, ou pelos próprios comparsas. Pouco importa, às vezes, quem assassinou,
pois a morte é o fato soberano, a reunir no velório deste jovem uma família
enlutada, como se acabasse de assistir ao último capítulo de uma terrível
novela, a um filme de ação que termina sem ação e sem heróis, na imobilidade de
um corpo com 20 e poucos anos, que deixa a existência e todas as esperanças irremediavelmente
para trás...
Jovem! Cuida de teus atos, de com
quem e por onde andas e, sobretudo, do que você faz; porque é o que você opta,
o que você faz que definirá para onde você conduzirá a sua família.
Desejo, profundamente, que você
leve sua família para a sua formatura, para o seu casamento, para a igreja que
você frequenta, para a festa de confraternização de fim de ano da empresa em
que você trabalha ou da escola em que estuda.
Mas esta opção, esta escolha –
que você de forma consciente ou inconsciente faz todos os dias - é sua, e de
mais ninguém.
Só as consequências serão suas e
também, obrigatoriamente, de sua família.
Julio Cezar de Oliveira Gomes – Graduado em História e em Direito pela
UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz