A CRISE ENTRE CUNHA E DILMA NÃO PARA!
Petistas ofendem presidente da Câmara no plenario.
(Estadão) Dando mais um "recado" do tamanho da
crise entre o PMDB e o governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), defendeu nesta quinta-feira, 2, publicamente que o
vice-presidente Michel Temer deixe a articulação política do Palácio do
Planalto após a fim das votações do ajuste fiscal.
Temer é presidente nacional do PMDB e assumiu as funções da
Secretaria de Relações Institucionais (SRI) após a presidente Dilma
Rousseff afastar o então ministro Pepe Vargas (PT-RS), que não tinha
interlocução com Cunha e estava sem condições de negociar com a base
aliada.
"O Michel entrou para tentar melhorar essa articulação
política e está claramente sendo sabotado por parte do PT. Eu acho que, a
continuar desse jeito, o Michel deveria deixar a articulação política",
defendeu Cunha nesta manhã, numa coletiva de imprensa recheada de
ataques ao governo Dilma e ao PT. "Do jeito que está indo aqui - com o
governo se misturando com o PT - o PMDB deve ficar longe dessa
articulação política. Porque isso não está fazendo bem para o PMDB",
acrescentou.
A declaração de Cunha joga mais combustível no clima de
rebelião que existe hoje no PMDB. Nas últimas semanas, diante da
acentuada queda de popularidade de Dilma, do cenário econômico adverso e
das novas denúncias de corrupção que atingiram o PT, a ala peemedebista
que defende um afastamento entre partido e o Planalto ganhou força.
O primeiro passo desse processo, dizem, seria justamente a
entrega da articulação política, gesto considerado drástico por aliados
de Temer. Na avaliação de interlocutores do vice-presidente, um
movimento nesse sentido aceleraria o rompimento da aliança e daria corpo
à tese do impeachment.
Cunha chamou nesta quinta as queixas dos deputados contra a
redução da maioridade penal - aprovada na noite de quarta após manobras
regimentais encampadas pelo peemedebista - de "choro" de quem não tem
voto e está assumindo uma agenda contrária à sociedade. "Não é à toa que
o governo está indo para 9% de popularidade (segundo pesquisa
CNI/Ibope) e está no mesmo tamanho daqueles que apoiam a manutenção da
idade penal", disparou Cunha.
"O PT está na pauta dos 9%. E o governo também erra quando
entra na pauta do PT", disse o presidente da Casa. "Então, o PT não é a
favor de nada. O PT tem uma pauta contra a sociedade", concluiu.
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