Antonio
Nunes de Souza*
Se não bastasse a violência
urbana, que nos amedronta sair até para ir a um cinema, teatro, restaurante,
mercado, shopping, faculdade, etc., barbaramente, somos ameaçados
diuturnamente, por uma monstruosa vertente de cantores sertanejos, católicos e
evangélicos que, sem dó nem piedade, estão nos atacando, não só nas rádios e
televisões, como, em quantidade maciça, em todas as casas de shows e também nas
áreas livres disponibilizadas para lazer! Tornou-se um verdadeiro avalanche de
duplas, conjuntos e solitários que, soltando suas vozes e canções com o nome de
Jesus, faz o povo que somente quer curtir as multidões, em função do
“esfrega/esfrega” e as bebidas que, mesmo nos eventos ditos religiosos, são
consumidas em larga escala, principalmente o tal do CAPETA, mesclado com as
latinhas benditas de cerveja!
Essas duplas e conjuntos de
pagodes formados por padres, freiras e pastores são comuns você encontrar nos
fins de semana, até em palcos improvisados nas portas das suas igrejas,
arregimentando uma plateia de bairros inteiros que, já hipnotizados e
contaminados pela virose dessa doença musical (?), pegam suas Bíblias, vestem
suas roupas mundanas e pecadoras e, sem nenhuma preocupação de serem condenadas
ao inferno, dançam e rebolam com os funks divinos, arrochas sagrados, pagodes
milagrosos e forrós celestiais. Isso sem contar as montanhas de músicas
sertanejas, com suas letras ridículas, chavões medíocres e já ultrapassados,
mas, apresentados por garotões fortes, bonitos e com as bundas que requebram
muito mais que uma dançarina de rumba cubana. E o engraçado e paradoxal é que,
quem mais mexe a bunda é aplaudido e, estranhamente, considerado o mais tesudo.
Antes, pra mim, esse comportamento era considerado “viadagem pura”. Os caras
enrolavam era o pinto com uma meia para fazer maior volume na calça!
Infelizmente, tenho que
segurar essa barra, acompanhando a mutação medíocre da sociedade que, “Maria
vai com a outras”, adota os modismos contra a cultura e educação, impingidos
pela mídia e os interesses comerciais! Só está faltando mesmo os “religiosos”
passarem a vender Abadás para seus eventos, pois, camisas eles já vendem!
Só gostaria de saber se,
depois dessa modernização das religiões, as entradas celestiais serão pagas ou
grátis?
Peço socorro, pois, querem me
matar de desgosto!
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