terça-feira, 12 de maio de 2015

Para Youssef, Lula e Dilma sabiam do Petrolão.

Do - Coturnonoturno

(Folha) O doleiro Alberto Youssef voltou a afirmar, em depoimento à CPI da Petrobras, que o Palácio do Planalto sabia do esquema de desvios de recursos em obras da estatal. "A opinião é minha. É o meu sentimento. Agora, prova, não tenho", declarou. O doleiro admitiu, nas quase quatro horas de depoimento nesta segunda (11), que não tem provas sobre o que ocorreu, mas enumerou episódios que, para ele, demonstram o conhecimento do Planalto. 

Um deles, disse, ocorreu entre 2011 e 2012, após um racha no PP, aliado do governo. Na ocasião, relatou, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP, afirmou que só iria se reportar "a quem o Palácio do Planalto determinasse". O doleiro afirmou que "o assunto foi conversado com Ideli [Salvatti] e Gilberto Carvalho", que ocupavam as pastas de Relações Institucionais e Secretaria-Geral da Presidência, respectivamente. 

Ele citou também a doação que teria sido feita, em caixa dois, à campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em 2010, a pedido do seu marido, Paulo Bernardo. "Ele era ministro e fez o pedido a Paulo Roberto Costa", disse. O doleiro negou a afirmação de Costa de que ele teria feito, a pedido do ex-ministro Antonio Palocci, uma doação de R$ 2 milhões oriundos do esquema da Petrobras à campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. "Eu não conheço Antonio Palocci. Ele nunca me fez nenhum pedido para que angariasse recurso para a campanha de Dilma Rousseff." 

SILÊNCIO
No primeiro dia de depoimentos da CPI em Curitiba, cinco dos sete convocados permaneceram em silêncio. Apenas Youssef e Iara Galdino, que trabalhava com doleiros ligados a ele, falaram. Os outros cinco convocados, todos presos em Curitiba --o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, o operador Mario Goes e os empresários Adir Assad e Guilherme Esteves--, optaram por ficar calados. 

"Fica prejudicado o trabalho, certamente. Quem falou mais foi o Youssef, mas nada de novo. Foi mais do mesmo", disse o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Para o presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), houve uma evolução quanto às discordâncias entre o doleiro e outros envolvidos que já falaram na CPI. "Nós podemos evoluir para as acareações, já que ele [Youssef] se dispôs a fazer." 

Motta disse que a CPI pode trazer novidades, principalmente com a contratação da empresa de investigação financeira Kroll. "Há fortes indícios de que existem recursos em contas no exterior que não estão no âmbito das delações premiadas", afirmou. Youssef foi questionado pelo deputado Altineu Côrtes (PP-RJ) sobre suposta conta no exterior mantida por ele e pelo ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010. 

A informação foi repassada pela viúva de Janene, Stael Fernanda Janene, à CPI. A conta seria sediada em Luxemburgo, e, de acordo com Côrtes, tinha um saldo de 185 milhões de euros --ou cerca de R$ 600 milhões. A viúva de Janene acusa o doleiro de, com posse de uma procuração, ter se apropriado do valor ali depositado. Youssef negou que tenha tido qualquer conta conjunta com Janene.

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