terça-feira, 11 de novembro de 2014

Escândalo do PT e o ferryboat

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Escândalo do ferryboat: empresa que vendeu navios à Bahia não tinha caixa nem para uma passagem Salvador-Lisboa

Otto Alencar, que era secretário de Infraestrutura à época da licitação, não viu qualquer problema em entregar € 18 milhões (R$ 56 milhões, aproximadamente) a uma empresa  cuja sede é um salão de cabeleireiro para senhoras nos arredores de Lisboa.
Otto Alencar, que era secretário de Infraestrutura à época da licitação, não viu qualquer problema em entregar € 18 milhões (R$ 56 milhões, aproximadamente) a uma empresa cuja sede é um salão de cabeleireiro para senhoras nos arredores de Lisboa.
REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
A compra dos dois ferries gregos usados pelo Governo da Bahia pela bagatela de R$ 56 milhões, com fortíssimos inícios de ''fraude, estelionato e crime internacional", segundo o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Pedro Lino, continua gerando polêmica, apesar do silêncio das autoridades do governo envolvidas com a situação.

A Happy Frontier, cuja sede funciona em um modesto salão de beleza de dona Milu, em Lisboa, registrou um pífio desempenho contábil no último ano de prestação de contas disponível. Seu lucro líquido no exercício de 2012 não daria para comprar um bilhete ida e volta de avião Lisboa-Salvador, na classe econômica: foi de exatos € 1.379,60, segundo relata o jornalista Fernando Conceição, que publicou em seu blog mais uma reportagem sobre as irregularidades detectadas na transação.


Em matéria divulgada no último dia 6 de novembro, o JORNAL DA MÍDIA estampou que quatro promotores do Ministério Público da Bahia assinaram um pedido recomendando à Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra) que fosse suspenso o pagamento da parcela final da compra dos dos ferries até que fossem apuradas as denúncias apontadas pelo conselheiro do TCE Pedro Lino, lastreadas pela documentação que recebeu do empresário Marcos Espinheira. Os promotores que assinaram o pedido foram Rita Tourinho, Patrícia Medrado, Adriana Assis e Célia Boaventura.

Mas o dinheiro já teria sido pago através de uma agência do Banco do Brasil em Frankfurt. O Ministério Público nada mais divulgou sobre o assunto e governo da Bahia muito menos. Com a mídia quase que totalmente sob controle, as autoridades se escondem. Sem argumentos para enfrentar o noticiário que investiga o caso desde que a licitação foi aprovada pelo então secretário Otto Alencar, em novembro de 2013, preferem as autoridades divulgar algumas desculpas esfarrapadas, como a de que o sistema ferryboat vai melhorar com a compra, repetimos, muito suspeita dos dois navios gregos. 

O superfaturamento existiu? O governo pagou o preço de três navios e levou somente dois? A documentação apresentada pela Happy Frontier foi auditada? A empresa portuguesa funciona mesmo em um salão de beleza? Tinha capital para fechar o negócio de R$ 56 milhões? 

Confiram abaixo mais uma reportagem do jornalista baiano Fernando Conceição publicada em seu blog.



Sem nada esclarecer sobre as suspeitas levantadas sobre a compra dos dois navios por R$ 56 milhões de uma empresa que funciona em um salão de beleza, o governo da Bahia tira proveito da mídia com noticiário esfarrapado. Na legenda da foto que publicou em seu blog, o jornalista Fernando Conceição diz: "Para o vice-governador Otto Alencar este repórter “está muito desinformado”(Foto: Divulgação)
O GOVERNO JACQUES Wagner (PT), em transação coordenada pelo vice-governador Otto Alencar (PSD), recém-eleito senador da Bahia, não viu qualquer problema em entregar € 18 milhões (R$ 56 milhões, aproximadamente) a uma empresa cuja sede é um salão de cabeleireiro para senhoras nos arredores de Lisboa.

A Happyfrontier teve um pífio desempenho contábil no último ano de prestação de contas disponível. Seu lucro líquido no exercício de 2012 não daria para comprar um bilhete ida e volta de avião Lisboa-Salvador, na classe econômica: foi de exatos € 1.379,60.



Foto de Wagner enviada por advogado da empresa com uma mensagem de ser “útil à ‘matéria'” (Foto: Divulgação)
A evolução de suas vendas naquele ano foi negativa em comparação a 2011. De menos de € 1 milhão e 500 mil desabou para pouco mais de € 271 mil. Valor este equivalente a 1/3 do preço de um apartamento familiar em torre do lado da encosta do Corredor da Vitória, na capital baiana. Seu capital próprio não chegava a € 60 mil. Não possuía bens patrimoniais.

A Happyfrontier venceu, em novembro de 2013, a concorrência internacional para fornecer dois navios e um pacote de serviços ao Estado da Bahia para o sistema ferryboat de travessia marítima Salvador-Itaparica. Pela legislação de Portugal, a empresa desde maio de 2014 está com a prestação de contas de 2013 atrasada junto às autoridades do país, o que a obrigará a pagar multas.

Variação Negativa - Com apenas dois funcionários declarados – João Carlos Palmeirão de Melo, casado com a filha da proprietária do salão de cabeleireiro para mulheres cujo endereço é também o da Happyfrontier, e seu sócio Hélder José Veras Nunes Barata -, o fluxo de caixa da empresa em 2012 foi igual a $ 0,0.

Eles registraram a empresa com capital de € 15 mil em 2008, 50% de cada. A prestação de contas mostra que em 2010 venderam o equivalente a pouco mais de € 343 mil, com lucro líquido de € 12.282,86. O melhor desempenho da empresa disponível para análise foi em 2011, quando os lucros atingiram quase € 39 mil.

Confira o vídeo abaixo e veja o salão de beleza que o governo não sabia que era a sede da Happy Frontier


A variação negativa da empresa em vendas e serviços foi de 82% de 2011 a 2012. Com o negócio feito com o governo da Bahia em 2013 – um valor estratosférico para uma empresa até então com demonstrações contábeis tão limitadas e para a qual não houve novos aportes de capital nem alterações estruturais – é possível que sua situação tenha se revertido para melhor.

Em abril de 2014 cada sócio original cedeu uma cota de € 2.500 ao angolano Francisco Leonardo Chivela, admitido à sociedade sem entrar com um centavo. Na mesma data foi feita alteração nos estatutos da empresa, visando adaptações em suas finalidades.

Os dois sócios portugueses, pelo que a reportagem pode apurar, residem em apartamentos de condomínios residenciais modestos, em municípios da periferia de Lisboa. O de Hélder Barata foi dado como também residência de Chivela, que se declara casado.

João Palmeirão de Melo em 4 de outubro, véspera das eleições no primeiro turno, recebeu a visita “de agradecimento” de Jacques Wagner em hotel onde esteve hospedado na Bahia. Ele tem dois filhos e sua mulher está desempregada.

Segundo a sogra do empresário, dona do apartamento onde há 30 anos funciona o salão de cabeleireiros, a filha passa por dificuldades, motivadas pela crise econômica europeia.

Já a assessoria de comunicação da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), até maio dirigida por Otto Alencar, enviou um release sem comentar o foco das reportagens aqui publicadas. O documento alardeia os possíveis benefícios com a entrada no sistema dos dois navios – nominados Dorival Caymmi e – toc, toc, toc! – Zumbi dos Palmares. O site Bocão News informou que em entrevista o vice-governador declarou que este repórter “está muito desinformado”.

Leia também:

A evolução da Happyfrontier de 2010 a 2012: prestação de contas 2013 em atraso
A evolução da Happyfrontier de 2010 a 2012: prestação de contas 2013 em atraso
Do - jornaldamidia.com.br

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