sexta-feira, 31 de maio de 2013

Fiocruz desfaz quatro anos de mentiras das Indústrias Nucleares do Brasil

ZORAIDE VILASBOAS *

 A representante da Comissão Paroquial de Meio Ambiente de Caetité (Bahia), Ione Rochael, denunciou à Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, em Brasília, mais um crime cometido pela Indústrias Nucleares do Brasil –INB, que chegou ao absurdo de contratar uma “pesquisa”, para calçar com falsos argumentos “científicos” as mentiras que vem usando na tentativa de convencer os brasileiros de que a exploração do urânio não causa câncer.


A comunicação de que a INB agiu cruelmente, de má fé, chegando a contratar essa pesquisa, em 2008, apenas para dar como cumprida uma condicionante do licenciamento ambiental, que obriga aquela estatal a fazer o monitoramento da saúde dos trabalhadores e das populações do entorno da mina de urânio, causou grande impacto junto aos participantes da Audiência Pública que debateu, na quarta-feira (22), “A Situação da Energia Nuclear Pós-Rio+20″.

Pesquisa alimenta desinformação – A pesquisa, coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Arnaldo Lassance Cunha, tem um título pomposo: “Estudo epidemiológico de mobi-mortalidade relativo à eventual ocorrência de patologias relacionadas a danos genéticos e neoplasias malignas na área de influência de Unidade de Concentrado de Urânio (URA), das Indústrias Nucleares do Brasil (INB)-Caetité no Estado da Bahia”. Mas serviu a objetivo bem infame. Desde o momento da contratação, o estudo foi questionado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), CESAT, Ministério Público Federal e movimentos sociais e populares da região porque tinha abrangência limitada e metodologia suspeita.

Durante quase quatro anos, usando dados parciais do estudo, a INB mentiu para a Bahia, para o Brasil, patrocinando na imprensa regional e estadual propaganda enganosa, manipulando informações, com manchetes desastrosas, tipo “Pesquisa Cientifica Comprova: Mineração de Urânio não aumentou casos de Câncer”, ou “Fiocruz comprova: Urânio não provocou aumento de casos de câncer’’, sem que se conheça qualquer manifestação contrária, por parte do pesquisador, ao uso que a contratante fazia do seu trabalho.
E “durante quase três anos – afirmou Ione – movimentos e entidades sociais e populares, com o apoio da Plataforma DHESCA Brasil (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), dirigiram vários ofícios à Direção da Fiocruz e ao seu Conselho de Ética, perguntando se de fato essa pesquisa tinha o aval da Fiocruz e se a instituição considerava eticamente correto os resultados parciais do estudo serem usados para ludibriar a boa fé das pessoas da região”.

O silêncio da direção da Fiocruz era preocupante. A tal ponto que a socióloga Marijane Lisboa, da PUC/SP, disse para o presidente da Fiocruz , publicamente, durante a Cúpula dos Povos, ano passado, no Rio de Janeiro, que era necessário a instituição se pronunciar diante de um assunto tão grave que envolvia a “credibilidade”’ da Fiocruz e a segurança das populações e do meio ambiente na Bahia.

Fiocruz desmonta a farsa – Finalmente, prosseguiu Ione, “em abril deste ano a direção da Fiocruz desmontou essa fraude, essa manipulação criminosa do ‘uso indevido’ desta ‘pesquisa’ e nos informou que o Grupo de Trabalho Permanente constituído para assessorar a Presidência na avaliação do estudo concluiu que o trabalho era meramente ‘exploratório e inconclusivo’”.

A seguir, Ione leu um trecho do ofício da Fiocruz:
“Após deliberações técnicas, o GT concluiu que o referido estudo possui um caráter exploratório e inconclusivo. Portanto, não permite estabelecer inferências sobre a relação entre a exposição à radiação ionizante (tanto em níveis naturais locais como decorrentes das atividades de extração e concentração de urânio) e seus impactos no perfil de morbi-mortalidade, ou mais especificamente sobre a mortalidade por câncer, na área de influência da Unidade de Concentrado de Urânio (URA) em Caetité-Ba. Dessa forma, consideramos inapropriadas matérias de divulgação pública que, baseadas no estudo em questão, afirmem que a atividade mineradora na região não cause impactos à saúde da população potencialmente exposta”.
Os movimentos e entidades sociais e populares de Caetité já enviaram cópia do ofício da Fiocruz aos diversos órgãos de regulação e fiscalização das atividades nucleares e também aos Ministérios Públicos Federal e Estadual e Ministério Público do Trabalho, onde correm ações judiciais, nas quais a INB,

Comissão Nacional de Energia Nuclear, IBAMA, Governo da Bahia e Prefeituras de Caetité e Lagoa Real são rés. A expectativa das populações da região é grande com as providências que se espera de cada órgão público envolvido no caso e aguardam a urgente apuração dos fatos e responsabilização dos autores pelos crimes praticados.

* Zoraide Vilasboas é Coordenadora de Comunicação da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania.

Do - jornaldamídia.com

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