O Conselho Regional de Enfermagem
prometeu entrar nesta segunda-feira (22) com uma denúncia no Ministério Público
contra o Posto de Atendimento Médico de São João de Meriti, onde uma idosa morreu
depois de receber café com leite na veia. Os fiscais fizeram uma vistoria no
domingo (21) e encontraram diversas irregularidades, conforme mostrou o Bom Dia
Rio.
A fiscalização só começou depois de
três horas de espera. Representantes do Conselho Regional de Enfermagem (Coren)
contam que foram barrados por seguranças do PAM de Meriti quando chegaram ao
local. “Fomos impedidos de entrar para exercer a fiscalização do exercício da
profissão”, afirmou Pedro Silva, presidente do Coren.
A visita do Coren acontece exatamente
uma semana depois que uma idosa de 80 anos morreu no posto. Ela recebeu café
com leite na veia e não resistiu. A estagiária que teria injetado o líquido por
engano foi indiciada pela polícia. Segundo a família da idosa, não havia nenhum
profissional responsável por perto.
Os fiscais dizem que neste domingo,
apenas um enfermeiro e 9 técnicos estavam trabalhando. Um dos técnicos estava
há 36 horas em serviço, 12 horas a mais que o permitido. O ideal é que num
posto com capacidade para 70 leitos, cada turno contasse com 8 enfermeiros e 25
técnicos de enfermagem atendendo.
Os fiscais disseram que é preocupante
o PAM de Meriti funcionar com tão poucos profissionais de enfermagem. O
presidente do conselho disse que nesta segunda vai tomar providência para
tentar resolver o problema. “Vamos entrar, junto com o Ministério Público, na
segunda-feira, e uma ação civil pública de imediato na segunda-feira também”,
afirmou Silva.
Moradores do município fazem diversas
críticas ao serviço prestado pelo PAM. “Primeiro, você nunca encontra médico
ali, só encontra esses estagiários, e socorro ali é um problema sério”, afirmou
uma moradora.
A produção do Bom Dia Rio entrou em
contato com a prefeitura de São João de Meriti para questionar sobre as
reclamações dos pacientes, mas não teve retorno.
A estagiária de enfermagem Rejane
Moreira Telles, de 23 anos, que no último dia 14 aplicou café com leite na veia
de Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos, declarou ao Fantástico deste domingo
que nunca havia injetado qualquer tipo de medicação antes. Rejane, que segundo
o delegado da 64ª DP, Alexandre Ziehe estava há apenas três dias no estágio,
disse ter consciência do risco de injetar na veia o que seria aplicado em
alimentação oral. "Mas, como tava junto, qualquer um se confunde",
defendeu-se.
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