terça-feira, 16 de outubro de 2012

Chocolates finos do Sul da Bahia em Rodada Internacional


XVI Encontro Internacional de Negócios do Nordeste acontece de 23 a 25 de outubro, em Salvador

Os chocolates finos produzidos no Sul da Bahia serão algumas das opções de compra para as mais de 100 empresas importadoras de 29 países que vão participar da Rodada de Negócios do XVI Encontro Internacional de Negócios (EINNE), que acontece de 23 a 25 de outubro, no Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador. O EINNE integra as comemorações dos 40 anos do Sebrae e vai reunir em Salvador 223 empresas ofertantes dos nove estados do Nordeste.

O presidente da APC Cooperativa Agroindustrial de Cacau e Chocolate de Ilhéus, José Carlos Maltez, explica que o objetivo da participação no EINNE é apresentar o produto e possibilitar negócios a partir de 2014, quando a produção estará em uma escala propícia para exportar.

Criada há pouco mais de dois anos a APC Cooperativa reúne 50 produtores dispostos a agregar novos valores ao cacau. Os cooperados tem transformado parte de sua produção de amêndoa de cacau em chocolates finos e o resultado promete ser bastante lucrativo a médio e longo prazos.

“Estamos cada dia mais estimulados a investir neste novo negócio. Mas desta vez de uma forma profissional. Isso inclui a mudança de comportamento do cacauicultor que sempre achou que sabia tudo. Não sabemos. Para isso iremos ter profissionais do mercado em cada setor deste projeto. A gestão, para dar certo, será completamente técnica”, assegura.

Para a coordenadora do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, todo o apoio técnico da instituição está sendo colocado à disposição dos produtores. Ela defende o incentivo à verticalização da cadeia do cacau, como uma das molas propulsoras do desenvolvimento da região. “Para isto, estamos dando a nossa contribuição no desenvolvimento de ações de tecnologia, gestão dos empreendimentos e prospecção de mercados”, informa.

O gestor do projeto de cacauicultura na Região, Eduardo Andrade, garante que a participação do chocolate da APC em rodadas de negócio e em missões técnicas pelo Brasil e exterior, tornou o produto mais conhecido. Com a ajuda do Sebrae, representantes da cooperativa já participaram de eventos nos polos chocolateiros do Brasil onde puderam apresentar seus produtos. “O próximo passo será fazer um planejamento estratégico, possibilitando a escolher o que realmente querem atingir no mercado”, afirma.

Hoje a Cooperativa produz dois tipos de chocolates finos: um com 70 % de cacau puro e outro, com 56 % de cacau, misturado ao leite. As barras de chocolate têm agradado consumidores da Bahia, do Brasil e do mundo. O grupo já apresentou o chocolate fino da APC em países como França e China. No mercado nacional, o trabalho de apresentação tem foco na região Nordeste, que tem Pernambuco e Bahia, respectivamente, como a terceira e quarta posições no ranking nacional de consumo. Mas para Maltez é preciso não perder de foco as cidades chocolateiras do País: Gramado (RS) e Campos do Jordão (SP).

Neto de produtores de cacau no Sul da Bahia, o farmacêutico-bioquímico José Carlos Maltez de Souza Bastos, presenciou, ainda criança, a força da cacauicultura que transformou a região na maior produtora de cacau do mundo. Na década de 80, como herdeiro das fazendas, viu o declínio da economia por causa da vassoura-de- bruxa, uma doença que dizimou milhões de cacaueiros da região.

Agricultura sustentável

Hoje, José Carlos Maltez é protagonista de um novo momento da produção de cacau na região: a verticalização do produto e a retomada de um modelo cooperativista de desenvolvimento social para ampliar a renda familiar.

Também graças a um modelo sustentável de agricultura tropical, o cacau-cabruca, a lavoura de cacau está se redescobrindo. O cabruca é uma forma de plantio de cacauais, valorizando a exuberância do verde e a fartura dos recursos hídricos. O resultado é um fruto diferenciado usado para a produção dos chocolates finos, mais resistente à vassoura-de-bruxa que, apesar de controlada, ainda atinge a região.

A APC Cooperativa ainda trabalha na “Identificação geográfica” do produto, e mais valorizado o Cacau do Sul da Bahia vai ganhar um selo próprio. Maltez fala dos números surpreendentes do cacau e do chocolate fino. “Uma arroba (15 quilos) de amêndoas de cacau rende, em média, 70 reais ao produtor. Esta mesma quantidade de amêndoas, se transformada em chocolates finos, pode representar um faturamento bruto de 1.038 reais. E um lucro líquido de 324 reais, 62% a mais que apenas a amêndoa negociada”, conta o fabricante de chocolates finos.

A Cooperativa ainda utiliza a estrutura de uma unidade industrial na sede da Ceplac-Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em Ilhéus, para desenvolver o projeto. Mas, a proposta é implantar a própria indústria de beneficiamento e agregar mais cooperados nos próximos anos. Um terreno, no Distrito Industrial de Ilhéus, já está sendo disponibilizado para transformar o sonho em realidade.

“Depois do EINNE apostamos que os empresários avancem não somente na venda dos produtos, mas na construção de relações nos investidores internacionais, para que os empresários estrangeiros sejam motivados e convencidos a se associarem às pequenas empresas da Bahia e do Nordeste”, destaca o superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos.

Para a organização do XVI Encontro Internacional de Negócios do Nordeste, em Salvador, o Sebrae Bahia contou com o apoio do Sebrae nos outros oito estados do Nordeste, do Sebrae Nacional, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Rede CIN-Centro Internacional de Negócios, Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), a Rede CIN Bahia e Unidade Apex Bahia, Programa Al Invest, Correios, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), Universidade Federal da Bahia e TAM. Mais informações www.einne.com.br

Por - Maurício Maron

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