segunda-feira, 30 de maio de 2011

MUITO CUIDADO: NOSSA REGIÃO PODE TER O MESMO DESTINO

Lí que Deputados federais que integram a Comissão de Direitos Humanos da Câmara estarão no sul da Bahia esta semana, para visitas a áreas de conflito entre índios e fazendeiros nas cidades de Ilhéus e Pau Brasil. As disputas envolvem povos indígenas Pataxó Hã Hã Hãe e Tupinambá.
O deputado Valmir Assunção (PT-BA), que estará na visita, diz que a intenção é “evitar um massacre iminente” na região. Ele defende um “processo de fortalecimento desses povos indígenas”.

As diligências da CDH no sul da Bahia vão ocorrer nos dias 2 e 3 (quinta e sexta-feira). Além de Assunção, farão parte da comitiva os deputados federais Domingos Dutra (PT-MA), Luiz Alberto (PT-BA), Marina Sant’Anna (PT-GO), Marcon (PT-RS) e Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Esses deputados, onguistas e outros "sem o que fazer", podem terminar prejudicando índios e não índios, como aconteceu em Raposa Serra do Sol. Antes que você comece a pensar como essa turma, é bom ler o que o jornalista Reinaldo Azevedo escreve e também ler parte da reportagem da revista Veja, que o mesmo Reinaldo publica. Muito cuidado, minha gente. Esses esquerdopatas e onguistas só prejudicam. 

Raposa Serra do Sol – Os miseráveis que o STF criou com a antropologia poética de Ayres Britto. Não foi falta de aviso!

Poesia de Ayres Britto empurrou o índio mucuxi Adalto da Silva para um lixão; sem emprego, teve de deixar a reserva
Poesia de Ayres Britto empurrou o índio mucuxi Adalto da Silva para um lixão; sem emprego, teve de deixar a reserva
Caros, o fato de a gente antever um desastre e ter a certeza de que ele vai acontecer não nos impede de ficar um tanto surpresos quando ele realmente acontece. É assim com a reserva Raposa Serra do Sol. Lembram-se dela?

A mesma quase unanimidade estúpida que se vê na imprensa agora contra o relatório correto e decente de Aldo Rebelo (PC do B) para o novo Código Florestal se via em março de 2009 em relação à demarcação contínua da reserva e à expulsão dos arrozeiros. Assim como jornalistas que nunca viram um pé de feijão estão convictos hoje de que é preciso reflorestar as margens de rios que abrigam agricultura há 200 anos, estavam então convictos de que os agricultores tinham de sair da dita reserva indígena. Eram as mesmas ONGs, os mesmos terroristas midiáticos, os mesmos vagabundos. Mais de mil ONGs atuam na Amazônia. MIL!!!
A propósito: Aldo Rebelo opôs-se também à saída dos arrozeiros. Mas foi o que quis o ministro Ayres Britto, que contou com o apoio da maioria do Supremo. Seu relatório exaltando a harmonia entre o índio e a terra é um primor da antropologia… poética (íntegra aqui). Eu o ridicularizei duramente aqui, chamando a atenção dos senhores ministros para o fato de que aqueles índios já eram aculturados. Sem a economia capitalista que já havia se instalado lá, a miséria seria certa. Foi inútil. Ayres Britto tinha um modelo de índio na cabeça e o impôs legalmente.  Não custa lembrar que os agricultores ocupavam MENOS DE 1% DA RESERVA, mas empregavam farta mão-de-obra indígena.
Hoje, 13% do território nacional é composto de reservas indígenas, onde vivem 750 mil índios. De novo: 13% do território abriga 0,41% da população!!! Fossem eles autônomos, numa economia auto-sustentável, vá lá… Mas não! Dependem da Funai — além de se dedicar ao desmatamento e ao garimpo ilegais. Mas volto à Raposa Serra do Sol. A Fundação Ford, que financiava um grupo de índios que queria a expulsão dos brancos, ganhou.
Os arquivos estão aí. O desastre parecia certo. Eu o anunciei aqui. Mas boa parte dos meus coleguinhas queria os arrozeiros capitalistas fora do éden dos aborígenes, como dizia Ayres Britto. Pois é. Leonardo Coutinho, de VEJA, voltou à região dois anos depois. A impressionante reportagem está na revista desta semana. Reproduzo alguns trechos. Volto depois:
*
Quatro novas favelas brotaram na periferia de Boa Vista, nos últimos dois anos. O surgimento de Monte das Oliveiras, Santa Helena, São Germano e Brigadeiro coincide com a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Nesse território de extensão contínua que abarca 7,5% de Roraima, viviam 340 famílias de brancos e mestiços. Em sua maioria, eram constituídas por arrozeiros, pecuaristas e pequenos comerciantes, que respondiam por 6% da economia do estado. 


Alguns possuíam títulos de terra emitidos havia mais de 100 anos pelo governo federal, de quem tinham comprado suas propriedades. Empregavam índios e compravam as mercadorias produzidas em suas aldeias, como mandioca, frutas, galinhas e porcos. Em 2009, todos foram expulsos. O governo federal prometeu indenizá-los de maneira justa. No momento de calcular as compensações, alegou que eles haviam ocupado ilegalmente terra indígena. 

Por isso, encampou as propriedades e pagou apenas o valor das edificações. Os novos sem-terra iniciaram o êxodo em direção à capital. As indenizações foram suficientes apenas para que os ex-fazendeiros se estabelecessem em Boa Vista. VEJA ouviu quarenta deles. Suas reparações variaram de 50.000 a 230.000 reais - isso não daria para comprar nem um bom apartamento de três quartos nas principais cidades do país. Imagine uma outra fazenda.
Poesia de Ayres Britto, com apoio de maioria do Supremo, tornou deserto um campo de arroz. Resultado dos versos: fome, miséria e migração
Poesia de Ayres Britto, com apoio de maioria do Supremo, tornou deserto um campo de arroz. Resultado dos versos: fome, miséria e migração
Em seguida, foi a vez de os índios migrarem para a capital de Roraima. Os historiadores acreditam que eles estavam em contato com os brancos havia três séculos. Perderam sua fonte de renda, proveniente de empregos e comércio, depois que os fazendeiros foram expulsos. A situação piorou com a ruína das estradas e pontes, até então conservadas pelos agricultores. “Acabou quase tudo. 

No próximo inverno, ficaremos totalmente isolados”, diz o cacique macuxi Nicodemos Andrade Ramos, de 28 anos. Um milhar de índios se instalou nas novas favelas de Boa Vista. “Está impossível sustentar uma família na re¬serva. Meus parentes que ficaram lá estão abandonados e passam por necessidades que jamais imaginaríamos”, afirma o também macuxi Avelino Pereira, de 48 anos. Cacique de sete aldeias, ele preferiu trocar uma espaçosa casa de alvenaria na reserva por um barraco de tábuas na favela Santa Helena. O líder indígena diz que foi para Boa Vista para evitar que sua família perdesse o acesso a escolas, ao sistema de saúde e, sobretudo, ao mercado de trabalho.
Com o passar do tempo, a situação dos índios tem piorado. Recentemente, algumas das famílias desaldeadas começaram a erguer barracos no aterro sanitário de Boa Vista. Uma delas é a do macuxi Adalto da Silva, de 31 anos, que chegou à capital há apenas um mês. Ele fala mal português, mas nu¬ca pensou em viver da mesma forma que seus antepassados. Mesmo porque a caça e a pesca são escassas na Raposa Serra do Sol já faz tempo. 

Até 2009, ele recebia um salário mínimo para trabalhar como peão de gado. Está desempregado desde então. Como os índios não têm dinheiro, tecnologia ou assistência técnica para cultivar as lavouras, os campos onde o peão trabalhava foram abandonados. Silva preferiu construir uma maloca sobre uma montanha de lixo a viver na aldeia. Agora, ganha 10 reais por dia coletando latinhas de alumínio, 40% menos do que recebia para tocar boiada. Ainda assim, considera sua vida no lixão menos miserável do que na reserva. Ele é vizinho do casal uapixana Roberto da Silva, de 79 anos, e Maria Luciano da Silva, de 60, que também cata latas e comida no aterro. “O lixo virou a única forma de subsistência de muita gente que morava na Raposa Serra do Sol”, diz o macuxi Sílvio Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos índios Unidos do Norte de Roraima.

Brancos e mestiços expul¬sos da reserva também foram jogados na pobreza. O pecuarista Wilson Alves Bezerra, de 69 anos, tinha uma fazenda de 50 quilômetros quadrados na qual criava 1.300 cabeças de gado. Um avaliador privado estimou em 350000 reais o valor das edificações da propriedade. A Fundação Nacional do índio (Funai) deu-lhe 72.000 reais por essas benfeitorias e nada pela terra. Seu rebanho definhou. Restam-lhe cinqüenta reses em um pasto alugado. Falido, ele sobrevive vendendo churrasquinho no centro de Boa Vista.
Poesia de Ayres Britto transformou o próspero fazendeiro Wilson Bezerra em vendedor de churrasquinho de rua; os índios que ele empregava viraram favelados. Mas a Fundação Ford, as mil ONGs e parte da imprensa foram atendidas
Poesia de Ayres Britto transformou o próspero fazendeiro Wilson Bezerra em vendedor de churrasquinho; os índios que ele empregava viraram favelados. Mas a Fundação Ford, as mil ONGs e parte da imprensa foram atendidas
Voltei
Lendo a reportagem na revista, você ficará sabendo que parte das famílias de Raposa Serra do Sol foi assentada numa região chamada Serra da Lua, perto dali. Não por muito tempo se depender dos xiitas do Ministério do Meio Ambiente — aqueles humanistas de Marina, vocês sabem. Eles querem desalojar as pessoas de lá para criar mais uma reserva ambiental.

Não tem jeito. A única saída para o homem do campo no Brasil é lutar pelo direito de ser considerado bicho. Aí, quem sabe, ele terá a proteção do Ibama e do Meio Ambiente.
Os  os novos favelados de Roraima são uma criação das ONGs, da Fundação Ford, da Funai, do Ibama, do Ministério do Meio Ambiente, da esmagadora maioria da imprensa — os mesmos conjurados agora contra o Código Florestal — e, obviamente, do STF. Os versos que poetizam essa miséria são de Ayres Britto. Ele exaltou tanto os índios ideais. O chato é que eles eram reais.

Por Reinaldo Azevedo http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

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