O relator do Orçamento no Congresso, senador Gim Argello (PTB-DF), incluiu em sua relação de emendas para 2011 o repasse de R$ 250 mil para uma ONG controlada por uma amiga. Ex-socialite em Brasília, Wilma Magalhães Soares, 48, foi condenada pela Justiça Federal por evasão de divisas na esteira do escândalo dos Anões do Orçamento, nos anos 90.
No ano passado, ela se filiou ao PTB, levada por Argello. Nas últimas eleições, tentou uma vaga na Câmara Legislativa do DF, mas foi barrada pela Lei da Ficha Limpa. “Conheço ele já há muitos anos. Gim é muito meu amigo”, disse Wilma. “Em Brasília, se a gente não souber nada de política, tem que mudar de cidade. O que acontece? Tenho que fazer um pouco de política. [Argello] me deu a oportunidade de aprender um pouco.”
Gim Argello, segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, destinou R$ 3 milhões em emendas de sua cota individual, neste ano, para entidades fantasmas no DF. Ele diz que não pode ser responsabilizado. Wilma se define como “relações públicas” do Instituto Nacional do Turismo, oficialmente gerido por seu filho, o publicitário Alisson Magalhães, 26. A entidade funciona numa sala no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Em 2007, Wilma passou seis meses presa. Segundo a Justiça, o ex-deputado João Alves, morto em 2004 e pivô do esquema, usava uma casa de câmbio em nome de Wilma e de seu ex-marido para enviar dinheiro ilegalmente para o exterior.
Questionada pela Folha se sabia a que se referia a emenda de R$ 250 mil incluída no relatório de emendas de Gim Argello, ela afirmou que era para o Ministério do Turismo, em projeto de “capacitação de taxistas”.
Pelo relatório, a emenda é para o Fundo Nacional de Cultura, para “fomentos a projetos em arte e cultura”.
PS.: Novos documentos obtidos pelo Estado fazem ligação direta de laranjas com emendas do senador Gim Argello, relator-geral do Orçamento da União de 2011. No dia 16 de março, o senador enviou um ofício ao ministro do Turismo, Luiz Barreto, solicitando a liberação de R$ 300 mil para o Instituto Projeto Viver realizar uma festa junina no Distrito Federal. Na prestação de contas enviada ao ministério sobre o convênio está um contrato com a assinatura do jardineiro Moisés da Silva Morais - o laranja no esquema ao lado do mecânico José Samuel Bezerra. Ontem, a advogada Mônica Castro, que assumiu a defesa do jardineiro no caso, afirmou que ele não sabe ler nem escrever. “Ele é analfabeto. Sabe apenas desenhar o próprio nome”, afirmou.
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