Em campanha no RJ, tucano eleva tom das críticas ao presidente com discurso inflamado
O temido confronto entre petistas e tucanos não aconteceu e o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, fez campanha neste domingo na praia de Copacabana com um inflamado discurso contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Serra destacou os "três ou quatro escândalos por semana" que atingem aliados da candidata do PT, Dilma Rousseff, atacou a "Justiça dos companheiros" e cobrou punição para os envolvidos.
O candidato, que aposta em um tom mais duro contra os adversários nesta reta final, criticou Lula pelo envolvimento na campanha de Dilma e fez um contraponto com a atitude "digna" dos ex-presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso em eleições passadas. Segundo Serra, o atual governo foi "deixado de lado".
"A Justiça dos companheiros é sempre mais suave, lenta, que não anda, que é obstruída. Veja o que aconteceu com o dossiê dos aloprados, com todos esses escândalos. Ninguém na cadeia até hoje", discursou Serra.
"Temos que olhar o governo como entidade de todos e não de um partido, de um grupo de interesses. Itamar e Fernando Henrique presidiram a transição de governo com dignidade. Não houve transgressão. O presidente Fernando Henrique não foi além de declarar o seu voto (nas eleições de 2002). Hoje temos o contrário: o governo deixado de lado, para se encarnar em um partido, em uma candidatura. Precisamos ter no Brasil o modelo da honestidade e da verdade. Chega de escândalos. Fica até difícil recapitular, são três ou quatro por semana", afirmou o tucano.
No alto de um carro de som, Serra fez um discurso de dez minutos, depois de ouvir aliados como o ex-governador Aécio Neves (PSDB), o ex-presidente Itamar Franco (PPS), eleitos senadores por Minas Gerais, o governador reeleito Geraldo Alckmin e os eleitos Beto Richa (PSDB), do Paraná, e Rosalba Ciarlini (DEM), do Rio Grande do Norte, todos na mesma linha do resgate da ética e combate à corrupção. O ex-presidente Fernando Henrique não compareceu.
Candidato e aliados se preocuparam em desmentir notícias de que Serra retomaria as privatizações, caso eleito. "Não privatizei a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal. Quem pode dizer que, se ela (Dilma) chegar lá, não pode fazer isso", perguntou Itamar. Serra também citou a estatal de petróleo.
"Eu defendo a Petrobrás como uma empresa estatal que deve servir ao povo brasileiro e não como cabide de emprego, como instrumento de negócio, como elemento de coesão de uma aliança espúria para governar o nosso país", afirmou o tucano. Serra insistiu na crítica ao presidente Lula: "Não encaramos nossos adversários como inimigos a serem destruídos de qualquer maneira. Sempre tratamos como competidores, não como inimigos."
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli negou que haja aparelhamento da empresa. "Eu não acho que seja verdadeiro. Se houver alguém que não está desempenhando corretamente o que deve fazer, deve ser afastado. Ele (Serra) pode ter a opinião dele. É legítimo. Está em campanha e pode dizer isso", disse Gabrielli, que participou de um encontro de sambistas na praia de Copacabana, após o comício de Serra.
Os organizadores da programação tucana no Rio comunicaram a realização da caminhada à Prefeitura e ao governo do Estado, na semana passada. Por isso, o policiamento foi além do esquema normal dos domingos e feriados. Segundo a Polícia Militar, a segurança foi feita com o reforço padrão para passeatas e outras manifestações.
Depois da briga entre militantes do PSDB e do PT em Campo Grande (zona oeste), na última quarta-feira, havia temor de um novo incidente, mas os petistas atenderam a recomendação da direção do partido e não foram à manifestação tucana.
Mesmo assim, Serra desistiu da caminhada, prevista inicialmente. Cercado por simpatizantes, políticos, jornalistas e seguranças, o tucano não conseguiu circular pela pista da praia que fica fechada para carros aos domingos. "Assim não vai dar para continuar", disse Serra ao candidato a vice, Índio da Costa, enquanto Aécio Neves tentava "salvar" a filha, Gabriela, da confusão.
Serra e os aliados foram acomodados em um carro de som, mas reduziram o trajeto de quatro quilômetros para menos de um quilômetro. "Foi uma manifestação espetacular", comentou Serra, já no aeroporto Santos Dumont, onde embarcou para São Paulo.
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